Cultura, Gente e Gestão, Liderança

Nem só de PDCA vive uma empresa.

Antes de mais nada, quero deixar claro meu reconhecimento a essa que foi uma das primeiras ferramentas usadas em processos de melhoria da qualidade, disseminada por William Deming e que já completou mais de 70 anos de existência.Mas a questão é que encontramos hoje, consultorias que adotam o PDCA como remédio para qualquer mal na organização. Você tem um problema de produtividade? Usa o PDCA que resolve. O problema é motivacional? Usa o PDCA. Precisa de mentalidade inovadora? Aplica o PDCA. O PDCA é usado por essas consultorias como um “tetrex” organizacional. Aquele remédio que muitos médicos receitam pra cuidar de qualquer problema de saúde. Ocorre um abuso e um total desrespeito ao cliente, que em geral tem pago alguns milhões de reais por um programa padrão (pois é o mesmo usado em todas as empresas), conduzido por pessoas com restrita experiência em consultoria e que aplicam de forma autoritária, um cheklist de ações, com um único objetivo: reduzir os custos gerais. Os incautos executivos, que embalados pelo nome conhecido nacionalmente, entram nesse barco frente a promessa de reduzir com métricas e decretos seus custos de operação. O que não sabem é que estão levando para casa um verdadeiro cavalo de troia. Essas operações desenvolvidas pelos alienígenas do PDCA no cliente, a custa de suor e sangue dos colaboradores, carregam em si mesmas consequências que não são percebidas de imediato, mas que em seguida, só fazem deteriorar o clima e o moral das equipes. A atuação desse técnicos despreparados em lidar com gente e com trabalhos complexos,  mais se assemelham a atuação de “chefes postiços” implantados por ordem e base do contratante, e que só fazem  determinar o uso de planilhas e mais planilhas de medição. E dá-le PDCA.  Sem respeitar minimamente as características da Cultura Organizacional – até porque não têm preparo para lidar com isso – cometem verdadeiras violências, impondo novas práticas e costumes, acreditando que a mudança se faz pela força. Nesse ambiente instalado, não há por parte dos alienígenas, qualquer preocupação em processos de educação ou desenvolvimento. Há tão e somente a definição de ordens e da separação dos grupos. O grupo dos que aderem aos seus impositivos e o grupo dos que não aderem e devem ser excluidos. Quando o resultado não vem, a culpa é de quem na empresa não soube fazer o que os “gênios” alienígenas definiram e o caminho é simples. Troca-se a pessoa, que terá sua imagem “queimada” junto à organização. Nenhuma preocupação com valores, com propósitos ou com o ser humano. A única coisa que interessa é o resultado financeiro.

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A AMBEV que o diga. Parece que lá o modelito foi usado com sucesso, mesmo não importanto os custos motivacionais e de clima. É claro que em um ambiente desses, é impossível o trabalho em equipe. É impossível a construção da confiança entre as pessoas. Não, ali tudo é pelo dinheiro e salve-se quem puder.  Uma máquina de moer gente, infelizmente sendo usada como símbolo e modelo de sucesso.Só que o lado sinistro disso, ninguém conta. Nem a jornalista de plantão que vendeu livro pra propalar esse universo estressante e fora de moda.Um mundo impossível de viver, pois uma empresa é constituida de pessoas e não considerá-las em sua essência e necessidades é cometer a maior das violências. Andaram por outros setores no mercado. Aportaram na área da educação formal entrando pela porta da frente e, quebraram a cara quando acharam que o PDCA era suficiente para cuidar do complexo problema que é o ensino básico e médio em nosso país. E ai o que fizeram foi ludibriar, inventar resultados, omitir consequências, frente ao rechaço com que foram recebidos por professores e educadores nas redes municipal e estadual em São Paulo, Porto Alegre e Mato Grosso. Mas nas empresas, continuam “nadando de braçada” e sem temor, se propondo até a fazer Mudança de Cultura. Claro, aplicando o PDCA. Cuidado CEOs de plantão. Não se deixem mais enganar com medalhões e nomes famosos. Até porque se você os contratar, só irá vê-los em filminhos de recomendações enviados nos treinamentos. E isso custará milhões. Você entregaria seu filho com problemas de saúde para os cuidados de um engenheiro? Então não cometa esse engano entregando sua empresa a alguém que acha que sabe o que está fazendo. Cuidado!